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Conheça detalhes que fazem a diferença para comprar touro Nelore em leilões virtuais ou em anúncios de foto e vídeo

Eles foram surgindo de mansinho, entre a década de 1990 e início dos anos 2000. Aos poucos foram tomando lugar no calendário ao ponto de, em 2020, com a chegada da Pandemia do Coronavírus ao Brasil, serem o único canal para comprar touro Nelore em leilões.

Se confirmará tendência não sabemos prever, mas podemos cravar que será cada vez mais comum comprar touro Nelore com base em fotos e vídeos, seja nas grandes telas da televisão, na telinha do celular ou em anúncios na Internet, principalmente devido ao advento da tecnologia digital também na pecuária, que já conta com diversos aplicativos e sistemas com e-commerce.

Para muita gente, isso ainda soa como novidade, então, nada melhor que estar munido do máximo de informação disponível. Não que seja inseguro comprar em um leilão virtual.

De forma alguma, pois, por trás dele, existem grandes empresas idôneas e organizadas. Já na Internet, vê-se de tudo, de reprodutores avaliados e com alta consistência genética a boi de boiada ou tucura sendo vendido como reprodutor.

Em relação aos leilões virtuais, mesmo com todo o rigor dos assessores técnicos, pode ocorrer que um animal não esteja 100%, afinal nenhum touro é perfeito, mas cada pecuarista deve avaliar exatamente como cada detalhe impacta seu negócio.

Outro fator importante:  atire a primeira pedra quem nunca deixou escapar um bom lance até mesmo no leilão presencial. Ou que até hoje ainda carrega consigo aquela mágoa por determinado lote que deixou passar. Se o recinto de leilões já era um “campo de guerra”, agora vai ficar pior.

Ganhou-se a concorrência de centenas ou até milhares de outros pecuaristas plugados em seus monitores na sala de estar ou até mesmo no conforto do sofá de casa. Nesta hora, os aplicativos das leiloeiras ajudam a arrematar pelo próprio celular, tentando reduzir ao máximo possível o tempo de delay.

Neste campo de batalha, uma tática muito utilizada pelos produtores é confiar a escolha dos melhores animais aos próprios pisteiros, alegria que dura até o próximo pecuarista chamar o lance pra si. Naquele vai e vem de ansiedade, poucos segundos podem decretar a perda do lote.

Aí é riscar o nome da lista e passar para o próximo reprodutor Nelore. Outras vezes, entra em ação a preferência por uma única marca, afinal é uma característica intrínseca do ser humano. E também não há nada de errado nisso. Todo mundo busca jogar no seguro.

O problema surge quando não se consegue mais comprar os lotes desejados. Isso pode acontecer por um mero detalhe, como o criador não ouvir o comentário do pisteiro, ou até mesmo pelo fato da média de preço já ter estourado o orçamento.

“Quando se fica refém de poucas marcas, às vezes, deixa-se escapar touros que melhorariam a qualidade das fêmeas, aumentariam o peso à desmama e a produção de novilhos precoces com premiações no frigorífico”, avalia o Roberto Vilhena Vieira, zootecnista há 33 anos, e jurado efetivo da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) desde 2004.

Lembro ainda que muitos dos leilões das grifes mais tradicionais são realizados apenas uma vez por ano e não dá para passar a estação de monta em branco, a bezerrada tem de nascer. Já em outras situações, o problema pode ser de cunho técnico mesmo.

Todos sabemos que o pecuarista nato tem um olho clínico para avaliar morfologia, já não é o caso daqueles que ainda estão calibrando a mira.

Saber avaliar se os aprumos estão corretos, se a angulação do jarrete é adequada, se o umbigo é corrigido, se o vazio subesternal está perto ou longe do chão e se as características sexuais primárias e secundárias são bem evidentes, é fundamental.

Mas, algumas vezes, até os mais experientes podem tropeçar, quando chega o momento de interpretar as diferenças esperadas na progênie, as famigeradas DEPs. É muito importante avaliar com atenção cada uma delas.

Saber o que é TOP, Deca, régua equilibrada, entender as diferenças entre os sumários de touros, além das próprias características genéticas de interesse em cada rebanho e quais delas poderão atuar de forma antagônica é tão importante quanto dominar a morfologia.

Quem compreende pouco ou nada deste conjunto de atributos, precisa desenvolver o crivo de interpretar DEPs urgente porque 90% dos touros Nelore vendidos no mercado possuem avaliação genética. Essa também deve sempre ser analisada associada à morfologia, NUNCA separadamente.

Na qualidade de touro, o animal precisa ser um pacote completo. A leiloeira e os técnicos vão fazer o máximo pra dar informações importantes, mas durante um certame é impossível esmiuçar todos os detalhes.

Sempre importante atentar aos extremos: nem sempre o touro mais bonito será o mais produtivo na fazenda do comprador e nem sempre o barato é sinônimo de bom negócio. É preciso avaliar tudo isso que foi dito até aqui.

Os pecuaristas mais investigativos ainda vão fuçar informações sobre o ambiente onde o touro é selecionado. Uma interferência radical do ambiente pode inibir a manifestação dos genes necessários para aumentar a produtividade e o lucro da propriedade.

Também não vá exagerar na dose ou ser regrado demais ao comprar um touro Nelore, invista conforme a necessidade do seu plantel, nem demais nem de menos.

O touro é um investimento que se paga e pode devolver uma larga margem de lucro, mas é um produto de alto valor agregado. Nunca esqueça disso.

Segundo o experiente zootecnista, não bastam boas DEPs nos sumários de touros que são compilados pelos Programas de Melhoramento Genético de touros Nelore PO e/ou CEIP ou ter o padrão racial da raça garantido pelo registro genealógico definitivo, o touro precisa ser um pacote completo.

“Um touro precisa ser harmônico, equilibrado, comprido, arqueado e profundo, possuir bons aprumos e cascos, bainha e umbigo bem posicionados, escroto de bom tamanho, forma e posicionamento, boca larga e narinas amplas, peito aberto, entre outras características essenciais”, analisa Roberto Vilhena.

E continua: “musculatura bem distribuída e concentrada na região dorso-lombar e garupa, onde se encontram os cortes mais valorizados e desejados complementam o pacote”. Em resumo, o touro Nelore precisa ser funcional, produtivo, precoce e apresentar ótimas DEPs, além de expressão racial.

Mas com um bom treinamento, um pouco mais de prática e paciência, se você ainda não o é, poderá se tornar um verdadeiro expert em tudo isso. Veja as TOP 5 DICAS que listamos para você acertar na escolha do seu touro Nelore no Leilão da TV, no computador ou nos aparelhos celulares.

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O zootecnista Roberto Vilhena explica que o touro Nelore necessita ser um pacote completo

 

5 Dicas para comprar touro Nelore em leilões virtuais

 

1 –  Investigue a origem do touro Nelore

Tenha em mente que se a realidade da sua propriedade é a produção de carne a pasto não são touros de criatórios onde eles são tratados no cocho, à base de ração, que são a melhor solução para você. Visite a fazenda pessoalmente para conhecer o manejo, se não puder use as redes sociais e o Google. Conheça a sua filosofia, veja o que ela divulga.

 

2 – Busque garantias

Se o seu objetivo é produzir carne, pouco importa se o touro é PO ou CEIP, ele precisa ser melhorador. O PMGZ (Programa de Melhoramento Genético dos Zebuínos, da ABCZ) é um dos mais antigos do Brasil e trabalha em atualizações para certificar os touros Nelore PO com o CSG (Certificado de Superioridade Genética).

Também, a partir de 1996, surgiram dezenas de outros programas de melhoramento genético reconhecidos pelo Ministério da Agricultura, que atesta que os touros Nelore com CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), mesmo não tendo registro genealógico, são reconhecidamente melhoradores. Apenas de 20% a 30% dos touros em cada safra podem ganhar o certificado.

 

3 – Não foque apenas nos touros top 0,1%

Os touros com classificação top 0,1% (o melhor entre mil animais avaliados) nos sumários de touros são uma ótima solução para corrigir imperfeições do rebanho com velocidade, mas também podem ser uma faca de dois gumes, além de ser os mais caros.

Informe-se em qual DEP o reprodutor possui essa qualificação, pois não é raro ele ser bom numa característica e mediano ou até ruim em outra.

Também é necessário conhecer quais DEPs o índice de qualificação genética (IQG) – fator que vai classificar os touros no ranking geral – pondera. Ele pode priorizar mais ganho em peso enquanto você busca mais fertilidade ou acabamento de carcaça, por exemplo. Você precisa fazer os ajustes necessários.

 

4 – Solicite a DEP de facilidade de parto

Na criação extensiva de bovinos, a facilidade de parto possui extrema importância. Este atributo ganha ainda mais relevância em se tratando de novilhas primíparas para que se evite a ocorrência de complicações no parto.

Se essa informação não constar no catálogo ou pré-catálogo do leilão virtual, peça para promotor e leiloeira enviarem. O ideal é comprar touro Nelore com DEP negativa ou próximo a ZERO.

5 – Objetive ganho de peso sem perder qualidade de carcaça

No item 3 é citada a importância de optar por comprar touros Nelore cujas réguas de DEPs sejam equilibradas. Fazendas de cria, por exemplo, buscam o maior peso à desmama por ser a característica que mais interessa ao seu negócio.

Entretanto, esse bezerro precisa ser fácil de nascer e poderia ser interessante observar a característica de Peso ao Sobreano, pois seria fator determinante para fidelizar confinamentos.

Já na produção de boi gordo seria importante equilibrar peso com qualidade de carcaça, portanto, boas DEPs de rendimento de carcaça e gordura de acabamento são primordiais. Gordura inferior a um espessura de 4 mm penaliza o lote no romaneio.

 

 

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