Vi hoje um meme fazendo uma paródia da campanha do “agro é pop” com o “agro é tóxico”.
O motivo foi o fato de o dia escurecer mais cedo, fenômeno que, segundo a mídia, foi provocado por fumaça gerada pelas queimadas realizadas na região Amazônica.
Realmente, é algo assustador. Porém, eu pergunto: seria argumento suficiente para “demonizar” a agropecuária brasileira?
Vivemos em um país que generaliza tudo. Se uma parcela de produtores ou latifundiários ancestrais toma uma conduta inapropriada, prontamente, todo o setor é punido.
Por isso, gostaria de deixar uma reflexão. Esse tipo de discussão surge porque hoje o Brasil não passa fome. Temos alimento em abundância.
Antes dos lacradores retrucarem sobre os milhares de desabrigados que não têm renda para comprar um prato de comida no Brasil, informo, para comoção geral, que essa não é realidade de quem essas linhas vão atingir.
Você não conheceu o Brasil que passou fome!
Em tempos de polarização política, tudo vai contra o agro. Parece que ser produtor rural é crime no Brasil.
Afinal, o atual presidente declarou abertamente apoio ao segmento econômico que carrega um terço do PIB (Produto Interno Bruto) nas costas.
O mesmo agro incumbido de garantir alimento na sua mesa, dos seus pais, irmãos, tios e filhos crescidos ou pequeninos.
O problema do Brasil, não é o agro, é algo muito maior. Passa por conscientização e fiscalização. Como fiscalizar um país de proporções continentais?
Culpa-se o agro por uma falha de gestão interna nossa. A mesma gestão que deixa barragens precárias em funcionamento ou jogar resíduo industrial nas nascentes brasileiras ou esgoto em córregos clandestinos.
A título de informação, a queimada, hoje, é proibida no Brasil, acatada nas maiores regiões produtoras de carne bovina. O desmatamento é proibido no Brasil. Quem desmatar ou queimar indiscriminadamente deve ser punido.
O próprio desmatamento é um tema controverso. Temos o Código Florestal mais rigoroso do mundo. Por lei, cerca de 20% da área verde deve ser preservada.
Quem, teoricamente, preservava 30% e reduziu para 20%, conforme manda a lei, também é visto como criminoso pela sociedade.
A área agrícola brasileira corresponde a apenas 7,6% do território nacional enquanto a maior parte dos países usa de 20% a 30% do território para produzir alimentos.
Na Europa, varia entre 40% e 65%. Nos EUA nem se debate o tema!
Peço que você encha a boca para contestar dados científicos da NASA e da Embrapa. Você se atreve a lacrá-los?
“Dá um Google” porque isso você não vai ver na grande Imprensa. Não interessa a ela.
Outros dados interessantes surgiram no último painel do IPCC, que também fora deturbado por viés político: o Brasil responde a menos 2% da emissão de GEE.
Para o amigo que compartilha notícias sem mesmo conhecer a sigla, significa Gases de Efeito Estufa, como é o caso da fumaça que transformou o dia em noite e aquela que sai do escapamento dos milhões de veículos automotores diariamente.
China, UE e EUA são responsáveis por 50% da poluição do ar mundial. EUA não dá a mínima em reduzir as emissões, ao passo que o Brasil se compromete em reduzir em 20%. Sim, é possível!
Dentro daqueles 2%, a agropecuária, incluindo-se aí suas gigantescas áreas agrícolas e 216 milhões de cabeças bovinas, contribui com 0,86% de participação. Gravei essa informação jogada de qualquer forma no noticiário.
O Agro é tóxico ou vital?
O metano emitido pelo arroto do boi (não o pum) responde por 18% das emissões totais de GEE. Ou seja, há outros 82% emitidos por outros meios.
Deixe eu facilitar a interpretação: você ajuda mais o meio ambiente deixando o carro na garagem um dia do que deixando de comer um bife no almoço e na janta.
Agroquímicos são um problema. Claro, mas é necessário fazer um trabalho de conscientização do uso e procurar tecnologias mais sustentáveis; não deixar de usar.
Como se produz alimento para mais de 200 milhões de pessoas – só no Brasil – apenas com pecuária orgânica?
Você tem condições de pagar cinco vezes mais no alimento orgânico?
Já me estendi demais nesse artigo, e como o brasileiro não tem hábito de ler, talvez nem chegue à conclusão. Entretanto, é a minha forma de combater essa hipocrisia.
Deixo aqui algumas reflexões:
O vegano opta por, apenas, andar a pé ou de bicicleta ou abolir vestes de algodão ou borracha?
Você que é vegetariano lembra que plantas também são seres vivos e que um produtor rural teve acordar de madrugada para produzir o leite do queijinho?
A mulher vaidosa deixa de comprar os inúmeros cosméticos que necessita?
Alguém abre mão da gelatina zero açúcar durante o regime?
Você preferiu deixar o carro na garagem hoje?
Faz a revisão do veículo conforme a quilometragem?
Quem aí coloca embalagens de extrato de tomate para reciclar?
Alguém ainda tem fossa em casa? Mas, saiba que ela também polui lençóis freáticos!
Você vai eliminar leite da dieta do seu filho? Lembrando que as alternativas são de soja ou arroz. Grãos são agro!
Vai fazer churrasco de melancia todos os finais de semana? Ah, melancia é agro, tá!
Deixe de ser massa de manobra, meu caro crítico de rede social, e comece a pensar um pouco fora da caixa.
Muitas das entidades ditas ambientalistas defendem interesses privados alheios ao nosso país.
De países que destruíram fauna e flora e sequer planejam uma reversão.
A pressão ambiental exercida é a forma de compensação deles.
Sabem que o Brasil é uma potência adormecida!
Dando nome aos bois, quem assina o texto é Adilson Rodrigues. E, sim, sou do Agro!
E, se você também é, compartilhe!