Ser produtor de leite no Brasil é disputar uma queda de braço frequente com os custos de produção. Obter renda extra foi a solução encontrada pelos participantes do Projeto Macho Leiteiro para lidar com as constantes oscilações negativas na margem de lucro. Criado pela Agrocria Nutrição Animal e Sementes, a iniciativa consiste na engorda dos machos para abate.
Normalmente, esta categoria é descartada logo após o nascimento nas fazendas leiteiras ou vendida por um valor “simbólico” de R$ 30,00, mas a empresa desenvolveu um protocolo nutricional que ajuda o produtor lucrar até 26 vezes mais com o mesmo animal.
“Quando um produtor apenas descarta o animal está perdendo muito dinheiro. Ao fazer a engorda de forma profissional, ele pode lucrar R$ 800,00 ou mais por cabeça abatida”, informa Flávio Henrique Vidal Azevedo, supervisor Técnico Comercial da Agrocria em Goiás. Importante ressaltar que se trata de lucro, não faturamento.
Em 2021, a cotação da arroba da vaca gorda tem orbitado os R$ 290,00 e como os animais participantes do projeto são abatidos com uma média de 12@, o faturamento chega R$ 3.480,00 por animal. Animais com menos de 15@ são comercializados com o valor de vaca e não de boi gordo. Já o custo de produção, dentro do protocolo, é de, aproximadamente, R$ 2.800,00 por cabeça.
Ou seja, o pecuarista tem lucro de 27% na operação, usando a mesma estrutura e mão de obra disponíveis na fazenda. Mas, segundo Flávio Henrique, os ganhos podem variar, pois alguns produtores tornaram-se também confinadores, recriando gado leiteiro magro no cocho.
“Nesta modalidade, o produtor de leite lucra de R$ 500,00 a R$ 1.000 por cabeça, dependo do valor pago na compra do animal”, estima o supervisor Técnico Comercial da Agrocria. Hoje, os produtores desembolsam entre R$ 800,00 e R$ 1.300,00 no bezerro leiteiro.
Desempenho no frigorífico
Diferentemente do que se imagina, gado leiteiro também pode apresentar bom retorno no gancho, basta fornecer nutrição adequada. Mesmo quando se trata de um animal com 100% de sangue europeu, como é o caso das raças Holandês, Jersey e Pardo-Suíço, os resultados impressionam.
“Quando esses animais são terminados da forma convencional, a pasto, a qualidade e o rendimento de carcaça ficam muito aquém do desejado. Podem até gerar penalizações no frigorífico. Porém, com o uso de uma dieta altamente energética, revertemos a situação”, explica Flávio Henrique.
De acordo com ele, o protocolo nutricional estabelecido no Projeto Macho Leiteiro resulta em carcaças com 3mm de acabamento – se for um macho castrado – e rendimento de carcaça de até 53%. “Os melhores resultados aparecem nos bezerros de ano, que são terminados com peso de 12@”, ressalta.
Como funciona o Projeto Macho Leiteiro?
A tecnologia é bem simples, basta o produtor fechar uma baia ou curral de 15 m² considerando um espaçamento de 40 a 50 cm por cabeça no cocho e fornecer a dieta de alto grão balanceada com o suplemento Engordin na proporção de 15% produto e 85% grão.
Mas antes de fornecer a dieta total é necessário fazer uma adaptação de 15 a 21 dias. O Projeto Macho Leiteiro foi criado em 2009 por um dos fundadores da Agrocria, o médico-veterinário Ricardo Scartezini, quando foi lançada, de forma pioneira, a linha Engordin, pois a dieta de alto grão ainda não havia sido adaptada para a pecuária brasileira.
Engordin é um concentrado proteico, mineral e vitamínico para preparo de ração com milho grão inteiro para bovinos de corte mantidos a pasto ou em sistema confinamento. “Mesmo quem compra bezerros leiteiros de terceiros consegue uma rentabilidade acima de qualquer investimento bancário atrelado à taxa Selic nos dias de hoje”, compara o supervisor da Agrocria.
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