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Morre Quanupur, reprodutor divisor de águas na pecuária

Vítima de uma enterotoxemia, Quanupur é o touro número um em marmoreio na raça Nelore

O número de consumidores de carne bovina com paladar mais exigente está crescendo no Brasil e, para atendê-lo, é necessário elevar a produção de cortes com maior teor de marmoreio e que sejam igualmente saborosos, macios e suculentos.

Uma demanda que pode ser atendida de forma competitiva somente por meio do fornecimento de bovinos funcionais a pasto, jovens ao abate e com a qualidade de carcaça desejada. Neste sentido, a pecuária brasileira lamenta a perda de um touro que representou uma verdadeira mudança de paradigma no Nelore, raça que alçou o País ao posto de maior exportador mundial de carne bovina.

Falamos de Quanupur da 2L, pertencente aos criadores Adir do Carmo e Paulo Leonel, presidente e diretor do Grupo Adir, cujas fazendas estão localizadas em Ribeirão Preto (SP) e Nova Crixás (GO). Quanupur foi o primeiro touro Nelore a superar a marca de 5% em marmoreio, resultado acima da média até mesmo nas raças europeias, comprovando que o zebu selecionado segundo parâmetros atuais também produz carne marmorizada.

Com escore 5,02%, o touro do Grupo Adir apresentou mais que o dobro do valor médio registrado na raça Nelore e deixou para trás nada menos que outros 500.000 animais avaliados.

“Este trabalho revelou uma quebra de paradigma na pecuária brasileira, pois mostrou que o Nelore também pode produzir carne de qualidade”, avalia a doutora Liliane Suguisawa, diretora técnica da DGT Brasil, empresa responsável pelas avaliações de carcaça do Grupo Adir.

Medidas de Quanupur da 2L apresentou 120,01cm² de AOL (Área de Olho de Lombo), um preditor natural de rendimento de carcaça; e 14,16 mm de EGS (Espessura de Gordura Subcutânea), índices também superiores aos registrados atualmente.

Segundo a especialista, marmoreio é uma característica de alta herdabilidade e a seleção massal de touros como Quanupur posicionaria o Brasil em condição diferenciada nos mercados de carne bovina de alto valor agregado. Mas não só na ultrassonografia o reprodutor impressionava. Possuía o fenótipo ideal à produção de carne a pasto e chamava a atenção de quem o via.

“Quanupur era dono de uma musculatura convexa, garupa cumprida, linha dorsal muito boa, costelas profundas, era precoce e portava muita carne. Encontrar um indivíduo equilibrado assim é difícil”, descreve Rodrigo Frigoni, gerente Comercial da Central Bela Vista, de Botucatu (SP), onde o touro estava em coleta. Qualidade que somada aos aprumos corretos e à fertilidade complementavam a funcionalidade do reprodutor.

“Jallad é o touro de confiança que todo mundo usa nos programas de produção de novilhos, mas com certeza, Quanupur iria superá-lo em breve”, observa o gerente Comercial. Quanupur é filho de Jallad, touro mais erado do Grupo Adir cujo escore de marmoreio é de 4,25%, ainda o dobro da média da raça, em vaca Godavapi da 2L. De acordo com Frigoni, em dois ou três anos o jovem raçador coletaria e comercializaria 100.000 doses de sêmen por ano.

A produção do touro estava na casa das 600 doses por ejaculado, também o dobro da média vista na Central Bela Vista. “Quanupur teria um futuro brilhante e já tinha um contrato aberto para venda de suas primeiras 10 mil doses”, lamenta Frigoni.

O reprodutor foi vítima de uma enterotoxemia, uma doença fatal que integra o grupo das clostridioses, mesmo sendo vacinado na Estância 2L e recebendo reforço semestral na Central Bela Vista. O clostridium, agente causador da enfermidade, está presente no ambiente e no próprio trato digestivo dos bovinos. Quanupur morreu no dia 14 de março.

Perfil de Quanupur

O perfil frigorífico de Quanupur é explicado pela pressão de seleção exercida por Adir e Paulo Leonel, que, na Fazenda Barreiro Grande, em Nova Crixás, produzem gado comercial em pastagem extensiva, sem artificialismos.

“A seleção Adir manteve a base do rebanho brasileiro e os 55 anos de melhoramento de linhagens puras importadas do Nelore permitiram padronizar o plantel a ponto de unir raça e produtividade”, resume Paulo Leonel, diretor do Grupo Adir, única fazenda no País a provar touros via abate técnico.

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